Afinal, o que é apropriação cultural?
O tema da apropriação cultural tem tomado espaço na mídia do Brasil. O caso mais marcante foi o da garota que utilizou turbante para esconder os cabelos raspados devido ao câncer, e foi supostamente atacada por mulheres negras por estar "se apropriando" de uma cultura que não é dela. Gerando polêmica então sobre qual a verdadeira origem dos turbantes.
Recentemente outro caso foi relacionado a cantora Anitta. Foram divulgadas imagens
da cantora durante a gravação de seu novo clipe, "Vai, malandra". Em um dos momentos a funkeira usa tranças nagô nos cabelos, o que gerou polêmicas nas redes sociais. Sendo assim, a cantora foi acusada de apropriação cultural por usar tranças de origem africana, trazida ao Brasil pelos escravos durante o período colonial. Porém, a trança ressurgiu bem mais tarde, nos anos 70, junto com o movimento hippie. Desde então, até hoje segue na moda.
Imagem: Revista Cifras
Mesmo com grande acesso a informações, a ignorância das pessoas que expõem sua opinião nas redes sociais é absurda. Pra começar, Anitta é filha de um homem negro e uma mulher branca, sendo assim, negra clara. Porém, como a sociedade a vê com grande influência, e dificilmente como negra passam a dominá-la como mulher branca.Teria sentido acusa-lá de apropriação cultural? Apropriação cultural é o uso de elementos típicos de uma determinada cultura por pessoas pertencentes a um grupo cultural diferente, porém, esquecendo sua origem.
Um clássico exemplo disso, ocorreu nos EUA nos anos 50, quando os músicos brancos "tomaram emprestado" estilos musicais dos negros. Porem, como a comunidade afrodescendênte sofria forte opressão devido a cor, as gravadoras preferiam cantores brancos interpretando as músicas. Assim, o rock'in'rol passou a ser associado a músicos brancos, mesmo que tenham sido desenvolvido por negros. O que contribuiu não só a apropriação cultural, negando a origem do estilo musical, mas prejudicando e impedindo o reconhecimento do trabalho dos negros. Portanto, a apropriação cultural ainda intensifica o desequilíbrio que ainda existe entre os grupos que estão no poder (brancos) e os que ao longo da história, foram marginalizados (negros).
