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O VALOR DO QUE NÃO TEM PREÇO!

Vivemos numa época em que a relação humana tornou-se cada vez mais escassa. Saímos de casa para o trabalho, para faculdade, passeios... passamos por pessoas e mais pessoas sem dizer um oi, ou desejar um bom dia que seja. Vemos todos os dias milhares de rostos espalhados pela cidade, gente que não sabíamos que existiam. Pessoas como nós, mas que passam despercebidos pela gente, por conta de nossa pressa em chegar a algum lugar, e que por vezes não nos faz chegar em lugar algum.

Parei para pensar nisso porque algo diferente aconteceu ontem. E então refleti: o quanto de importância alguém que não conheço, tem para mim? Estava eu acompanhada do meu marido caminhado de volta para casa. Era noite, ainda cedo e estávamos rindo de algo que ele me contara, quando vimos um homem sentado na parada de ônibus. Estava sujo e maltrapilho, e só tinha nas mãos papel e caneta. Parecia escrever algo... talvez sua história ou rabiscos.

Quando o vimos, o pesar no coração foi inevitável e queríamos ajuda-lo de alguma forma. Tínhamos pouco dinheiro ali, mas sentimos que devíamos voltar e oferecer aquele pouco. Perguntamos a ele se estava com fome, ele respondeu que sim com uma voz embargada.

Senti que aquelas moedas não eram suficientes, então quando cheguei em casa peguei mais um pouco e fui comprar algo para aquele senhor comer. Passei na lanchonete mais próxima e pedi um sanduíche. Enquanto o lanche estava sendo preparado meu marido percebeu que ele levantou e caminhou sem rumo, como muitas dessas pessoas que vivem nessas condições fazem. Ele o seguiu e falou que estávamos preparando algo para ele comer.

Quando então ficou pronto e entreguei em suas mãos o sanduíche, ele me olhou com cara de quem não tinha como agradecer. Apertou minha mão e mais uma vez tentou agradecer, mesmo com a voz sufocada. Não entendi bem as palavras, mas serviram-me de conforto. Desejei boa sorte a ele, e fui embora com o coração mais aliviado. Sei que não foi grande coisa o que fizemos, mas livramos aquele homem de passar mais uma noite com fome.

Se todos nós tivéssemos a consciência de que sempre tem alguém numa situação pior que a nossa, talvez déssemos mais valor ao que temos e não ficaríamos reclamando o tempo todo da falta de algo, pois na verdade, temos tudo. O tudo daquele senhor era um sanduíche e ele valorizava como fosse sua vida. O gesto que fiz me custou algum dinheiro, mas a sensação de fazer o bem não tem preço.


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